De consumidor a desfrutador - Fred Gelli

Na "Entrevista da 2a." (Folha de São Paulo de hoje), o sócio fundador da Tátil Design de Ideias, da Vibra e da Cria, além de professor da PUC, por um lado repassou trechos da pregação de todos os profissionais e autores relacionados à marca:
"Hoje alta tecnologia é commodity. O que diferencia hoje é o conjunto das experiências que o consumidor tem com a marca. E o design é parte dessas experiências."
"A experiência passa por todos os pontos de contato: pelo produto, pela embalagem, pela loja, pela comunicação. O que as marcas mais querem hoje é ser relevante. Para isso, precisam promover experiências memoráveis, significativas."
"Mas mas marcas são vivas e todas as experiências exigem uma gestão constante (...) Tudo que fica pop demais, exige revisão." (aqui o exemplo foi a loja da Apple de San Francisco, cuja experiência não atende mais às expectativas criadas)
"Tem que ter atitudes verdadeiras. Não é só colocar papel reciclado, proteger baleias e fazer marketing disso." 
E por outro lado, levantou questões que aguçaram a minha curiosidade a respeito do que seria o "ecodesign" (segundo ele, inovação inspirada na natureza):
"Banco não tem que defender a Amazônia, mas financiar, com juros baixos, iniciativas que contribuam para melhorar o futuro."
"É a seleção natural. Não dá mais para continuar crescendo indefinidamente gerando passivos ambientais. Não é mais uma questão ideológica. É uma questão física. Não tem mais de onde tirar recurso, onde jogar o lixo."
"Mas está vindo aí um novo paradigma e nele há outras formas de crescer. Você deixa de vender produto para vender serviço, que tem mais rentabilidade."
"Imagina que ao invés de me vender este equipamento, a Apple me alugue. Durante dois, três anos vou baixar upgrades. E quando ficar ultrapassado, a Apple recolhe e recicla. Se ela é dona e não eu, ela vai desenvolver o produto de forma a garantir o máximo de resistência. E eu vou deixar de ser um consumidor, que é uma redução absoluta da nossa razão de existir, para ser um desfrutador."
Ainda segundo ele, para que isso aconteça serão necessárias leis que obriguem as empresas a se responsabilizar por todo o ciclo de vida dos produtos.

E quanto a nós, consumidores-desfrutadores temos consciência de nosso papel? Talvez a ciência de que não é mais uma questão ideológica seja um bom começo.