Apurando o olhar com Rubens Beghini: O melhor de 2010


Agora no último mês do ano, começam a surgir listas com os melhores de 2010. Aproveitando este período, aproveitei para fazer também uma lista. Claro que é uma tarefa difícil, pois nem sempre conseguimos ser justos, mas vale uma tentativa, por isso segue minha opinião sobre os melhores filmes, discos, peça de teatro e exposição de 2010.
Filme nacional: As melhores coisas do mundo – de Laís Bodansky.
Em seus filmes, Laís Bodansky mergulha no universo que decide retratar. Em seu último filme “As melhores coisas do mundo” ela buscou adolescentes de escolas de classe média para que a atuação fosse mais realista, e o roteiro foi escrito com base em relatos de dramas reais que tratam de homossexualidade, cyberbullying, entre outras temas espinhosos e recorrentes no universo adolescente. Com belas atuações de Denise Fraga e do protagonista Francisco Miguez, o filme de Laís Bodansky impressiona pela veracidade ao abordar um universo até então camuflado por produções irreais e insossas (a série “Malhação” da Globo é um exemplo disso). 

Filme internacional: A Origem – Cristopher Nolan
Depois de reerguer o personagem Batman com tramas complexas, Nolan volta a criar tramas mirabolantes. Se em “Amnésia” (primeiro filme que o projetou para o grande público) o diretor bebeu dessa fonte, para construir “A Origem” ele abusa do surrealismo numa proposta nunca vista antes. A produção conta com um roteiro complexo, cheio de camadas e uma reconstrução no cinema através de sua bela e inovadora direção de arte. Tendo no elenco atores excepcionais como Leonardo DiCaprio, Marion Cortillard e Ellen Page o filme une entretenimento e qualidade sem deixar nada a desejar. 

Disco Internacional: Charlotte Gainsbourg – IRM
Filha de Serge Gainsbourg com Jane Birkin, Charlotte sempre teve a música no sangue, mas acabou sendo fisgada pelo cinema, trabalhando com grandes diretores como Alejandro González Iñárritur, Lars Von Trier, Michel Gondry entre outros. Quando decidiu gravar músicas não foi diferente, ela continuou em boa companhia. Seu primeiro disco foi produzido pela dupla francesa Air e agora seu último trabalho foi produzido por Beck. Com uma atmosfera que mescla rock, pop e folk, seu último disco “IRM” é de excelente bom gosto provando sua evolução crescente também na música. 

Disco Nacional: Tulipa Ruiz – Efêmera
O Brasil é o país das cantoras, por isso não teria como o disco de uma cantora não estar na lista dos melhores. Tulipa é filha de músico (seu pai já tocou com Itamar Assumpção na banda Isca de Peixe) e irmã de músico, seu irmão Gustavo Ruiz já tocou com Fernanda Takai e atualmente integra a banda de Vanessa da Mata, por isso de uma maneira quase involuntária ela foi também atraída para música, mas com outro instrumento, sua bela voz. Seu timbre lembra o de Gal Costa na década de 70, assim como suas músicas, mas sempre conectadas a sua geração com toques inovadores que trazem novos ares para MPB. 

Peça de teatro: In on It
Certa vez vi uma peça onde na casa vivia um elefante. Seria algo impensável realizar tal idéia em termos de produção, mas no teatro tudo é possível, por isso uma formiga pode se tornar elefante. A peça “In on It” segue esse raciocínio, pois recria três universos em um. A trama foca um casal de atores que ao mesmo tempo em que encenam uma peça, discutem a relação e relembram momentos de suas vidas. No fim é apresentada a grande surpresa. Com apenas dois atores em cena, uma iluminação preparada e duas cadeiras a peça mostra que para o teatro nada é impossível se recriar quando existe um bom texto e ótimos atores em cena.

Exposição: Rio São Francisco Navegado por Ronaldo Fraga
O estilista mineiro é conhecido por mergulhar no universo que escolhe explorar para suas coleções. Entre suas inspirações já estiveram Nara Leão, Disneylândia, Bonecas de Barro entre outros temas. Na exposição o tema escolhido por Ronaldo Fraga também já foi usado por ele, mas para a proposta da exposição suas criações transcenderam as roupas e ampliaram para ilustrações, instalações interativas e até um filme dirigido por Wagner Moura que giram em torno do Rio São Francisco. A exposição também conta com narrações de Maria Bethânia no ambiente “A voz do Chico”. A exposição foi inaugurada em Belo Horizonte, mas vai viajar por todo o Brasil, tendo sua primeira parada em São Paulo a partir de janeiro.
Mais informações no site: http://saofranciscoronaldofraga.com.br/