Capítulo I - O nascimento de Alice

Há mais ou menos cento e cinqüenta anos, havia uma costureira que se chamava Alice e confeccionava roupas femininas, a partir de modelos encomendados por suas clientes. Em certo momento, a máquina de costura foi inventada, a demanda pelos produtos aumentou e Alice contratou outras costureiras para a confecção das peças, que agora também eram criações suas. A venda deixou de ser realizada diretamente por ela e passou a acontecer em grandes magazines. Assim, uma grande questão surgiu: como as clientes saberão qual produto é meu? A solução foi escrever seu nome em cada peça de roupa produzida. Nestas circunstâncias nasceu a marca Alice, que tinha como único objetivo diferenciar seus produtos dos de outras costureiras.
A marca Alice passou alguns anos vivendo em um "país das maravilhas", que enaltecia a mudança trazida pela modernidade, pelo progresso e pela produção em massa. Ela viu o surgimento da sociedade de consumo, que inicialmente viveu sob as ordens dos produtores tentando controlar os comportamentos e configurar as atitudes dos demais. E quando Alice havia se tornado uma entidade autônoma de comunicação, seus consumidores estavam sedentos por sedução e suas dimensões excediam as esferas comerciais e de produto, um novo personagem apareceu para lembrá-la de que muito tempo havia passado, que as máquinas ficaram tão velozes que trouxeram a instantaneidade e muita coisa havia mudado no país onde vivia.










"- É tarde, é tarde, é tarde até que arde. Ai, ai, meu Deus, ai, ai, meu Deus, é tarde, é tarde, é tarde!"

Continua...