"Conversações" com Kathia Castilho

Ontem, estive em mais uma edição do "Conversações" (evento promovido pelo mestrado da ESPM), onde a convidada foi a Kathia Castilho, que falou a respeito de "Design de Moda, Corpo, Imagem e Publicidade". Muitos pontos instigantes foram abordados: como o corpo, sobreposto ou não pelas roupas, expressa e veicula discursos que traduzem o espírito do tempo onde vive; as diferenças entre as linguagens utilizadas para valorizar os corpos masculinos e femininos; corpos que deixaram de ser reais, como os mostrados em revistas e que nutricionistas afirmam já serem desnutridos; exploração contínua da sexualidade, que para ainda ser notada obriga-se a ser cada vez  mais explícita (como exemplo, uma imagem antiga do Tarzan versus anúncios Dolce & Gabana); a veiculação de muitas imagens falando do mesmo corpo idealizado, impossível.

O momento que quero destacar aconteceu nos últimos minutos das "conversações", quando, na platéia, levantou-se a questão da recepção destes discursos produzidos pela indústria cultural. Recepção que vem construindo sua própria opinião a respeito destes corpos, questionando estes padrões inatingíveis de perfeição, em situações concretas, em contextos particulares. Foram citados, inclusive, desfiles dos estilistas John Galliano e Ronaldo Fraga, que já estariam atentos a estes questionamentos.




Kathia citou a imagem de um iceberg, utilizada pelo antropólogo Ted Polhemus, para concordar que "quando algo emerge é porque tem toda uma construção gigantesca embaixo". Pontuando, porém, que estas imagens ainda causam estranhamento, por não serem parte do nosso imaginário de beleza, herdado da Europa e depois transferido para a América do Norte. Como exemplo, o fracasso da última novela que tinha uma cadeirante como protagonista. Portanto, ainda é mais uma estratégia de "escape" de Marketing do que de um retrato de uma mudança de valores estéticos de nossa cultura.

Continuo sentindo profunda inquietação quando o "muito do mesmo"  é abordado.